Ele dividiu, mas foi pago com a ingratidão do irmão

Este post é uma metáfora. As metáforas tem função de alegrar, entreter mas também funcionam como um terapeuta muito eficiente, capaz de acessar diversas áreas ou níveis neurológicos da mente inconsciente e promover a mudança necessária para que a sua vida tenha mais alegria, felicidade, amor e leveza. Isso tudo acontece porque as metáforas conversam com a mente inconsciente.

Foi em uma certa cidadezinha do interior, aquela onde as ruas asfaltadas nem parecem que tem asfaltos, porque o pó de terra marrom cobre toda a cidade. Até mesmo o concreto dos prédios parecem que foram pintados de marrom. E morava lá um fazendeiro que tinha um irmão que era jardineiro, e que possuía um pomar onde as árvores davam frutos o ano todo. Seus frutos eram tão doces, que de tão doces eram até irritantes. Suas habilidades de cultivo eram tantas, que suas frutas eram conhecidas em todas as cidades vizinhas.

Aquele jardineiro parece que sabia falar com as árvores, e se bobear, sabia mesmo. 

Alguns diziam que era pura sorte, porque ali passava um rio que deveria ter propriedades mágicas. Alguns outros invejavam porque se tivessem também aquele mesmo solo, eles seriam também famosos e prósperos. 

Mas houve um dia que o fazendeiro foi a cidade visitar o irmão, e ficou espantado com o doce quando chupou as laranjas, experimentou o mel das mangas, o frescor e hidratação das melancias e a delicadeza aveludada dos figos. 

– Veja meu irmão, – disse o jardineiro – vou lhe dar um pé de maças, o melhor do meu pomar. Você e seus filhos e até seus netos vão aproveitar os frutos, que serão abundardes e vão dar o ano todo!

O jardineiro chamou seus homens e orientou para retirarem a árvore e levassem para a fazenda do irmão. Assim fizeram, e na manhã seguindo o fazendeiro ficou indeciso onde seria o melhor lugar para plantar aquela majestosa árvore. 

– Se eu a plantar no morro – dizia para si mesmo – o vento pode bater muito forte, arrancando as deliciosas frutas ainda verdes. Se eu plantar perto da estrada, as pessoas que passam lá indo e gostam de perder tempo vão roubar minhas maçãs. E se eu plantar muito perto de casa, meus empregados e meus filhos vão apanhar tudo e não vai sobrar nada. 

– Nessa vida é preciso ser esperto, disse o fazendeiro, e guardar tudo, porque a gente nunca sabe quando vai faltar.

Ele pensou muito, e resolveu plantar a árvore atrás do estábulo, dizendo.

– Nenhum ladrão vai procurar lá atrás… Isso! Definitivamente ela vai estar segura. 

Passou um ano, a expectativa foi tamanha, mas nada de frutos naquela árvore. O fazendeiro começou a duvidar da generosidade do irmão. No segundo ano também nada. Então o fazendeiro orgulhoso mandou chamar o irmão, e disse que o irmão nunca foi de dividir as coisas. Sempre guardou o melhor para ele e nunca dividiu nada. Desde os brinquedos, as bolas, as roupas. Nada! E agora também aquelas árvores irritantes. 

– Você me enganou, disse o fazendeiro para o irmão. Você me deu uma árvore que não dá frutos. Ela é estéril. Já se passaram três anos, e tudo o que essa árvore fez foi gastar a minha água. 

O jardineiro foi lá ver a árvore, e logo identificou o problema, dizendo. 

– Você plantou a árvore em um lugar bem escondido. Ali não bate muito sol, e não tem calor nenhum. Você escondeu a sua árvore em um lugar onde só bate vento frio. Como quer que ela lhe dê flores e frutos? Você plantou a árvore com o sentimento de ganância e desconfiança. A árvore sentiu isso. E ela obedeceu você, porque você foi como um mestre. Por qual motivo ela deveria dar uma rica e generosa colheita? 

Copyright 2022 - Marcelo J Bresciani

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