Vai confiar em quem não deveria. Uma lição de Victor Hugo em Os Miseráveis

Você acredita que a confiança é o sentimento que mais unem pessoas e as conduzem para uma direção, muito mais do que regras e convenções?

Qual é o tamanho do compromisso que a confiança pode criar, e igualmente a exata falta dele, afastando pessoas para sempre.

Eu quero compartilhar com você aqui estas indagações que nunca estiveram tão presentes comigo, porém tudo isso me levou reler um texto fantástico.

Este texto eu quero compartilhar o começo dele aqui com você, porque eu acredito que seja a obra mais inspirada que um homem já escreveu. Esta obra eu tenho certeza de que não é somente de um homem, porque ela é inspirada.

Em minha opinião, eu poderia citar tantos outros livros, mas aqui eu revelo a base de tudo o que é cuidar, e ainda assim se dar muito mal.

Mas uma pessoa deu um voto de confiança para alguém que não merecia, e ainda assim conduziu a história desta pessoa das trevas, para a luz e enfim para a cruz.

Esta pessoa saiu de uma vida miserável, desceu aos umbrais, foi resgatado por um justo, recebeu uma cruz e morreu carregando ela.

Foi Victor Hugo (26 de fevereiro de 1802 — Paris, 22 de maio de 1885) quem escreveu a história da Jean Valjean em os Miseráveis. E se você não leu ainda esta obra, eu tenho certeza de que este é um livro que você precisa ler ainda nesta vida.

Jean Valjean pobre, solteiro, trabalhador que fazia uns bicos podando árvores na França do final do século XVIII. Ele tinha uma irmã mais velha que ficou viúva com 7 filhos pequenos, e Jean era o irmão que os sustentava, pagando um preço muito duro, para por comida na mesa.

Aconteceu que em um inverno mais rigoroso, faltou trabalho e por consequência alimento para aquela família se sustentar, e por este motivo Jean quebrou a vidraça da padaria e roubou um pão para os pequeninos que passavam fome. Por este motivo ele foi condenado à 5 anos de trabalhos forçados. Era como eram tratados os criminosos da época. Jean foi de uma pessoa ingênua à uma alma sombria em bem pouco tempo. Tentou fugir três vezes, porque era uma pessoa muito forte e esperta, mas todas as tentativas lhe causaram uma pena ainda mais cruel. Ele ficou dezenove anos prezo nas galés, fazendo trabalhos forçados, por roubar um pão para matar a fome de crianças.

Victor Hugo conta a transformação de uma pessoa para alguém que se julgava vitima e queria cobrar por tudo isso. Mas antes que você pense que este texto é sobre as injustiças e sistemas penitenciários, não é nada sobre isso.

Do Amargo para o bem pior

Jean saiu das galés sem ter onde dormir e o que comer. Tinha dinheiro porque foi pago pelos dezenove anos que fez trabalhos forçados. Mas nenhuma estalagem quis recebe-lo, porque ele era um grilheta, os condenados da época.. Bateu às portas da prisão para passar a noite, mas os guardas não o deixaram entrar. Até o cachorro não o deixou dormir em sua casinha.

Mas ele bateu às portas de um justo, o monsenhor Bienvenu Myriel, Bispo de Digne, personagem da história, que o tratou como se fosse uma pessoa. Serviu sopa e usou talheres de prata na ceia com Jean, e ofereceu uma cama com lençóis para quem dormiu 19 anos sobre madeira rustica.

Mas acontece que pessoas que passam por grandes dificuldades na vida tem a mente calejada por tudo, e perde a noção de reconhecer e agradecer, e então Jean no meio da noite fugiu da casa do Bispo furtando a prataria.

O Bispo na manhã seguinte já estava conformado, porque dizia que aqueles utensílios não o pertenciam, mas pertenciam ao pobres, e Jean Valjean era um deles. Horas depois a polícia francesa trás amarrado o ladrão juntamente com os utensílios, à casa do Bispo Bienvenu, dizendo que o rapaz foi encontrado em atitude suspeita, e pedindo explicações.

O Bispo Bienvenu diz então que havia dado tudo aquilo para Jean Valjean – a história que o ladrão contou para a polícia era verdadeira – e ainda lhe entrega dois castiçais de prata, dizendo que Jean havia esquecido de levar quando saiu. Tudo aquilo era dele.

Para aquele que roubou um pão e ficou dezenove anos preso, Jean estava prestes a ter a sua alma condenada, e o que aconteceria a partir dali ninguém poderia saber.

O bispo salvou a vida de um rapaz, mas nas palavras seguintes vou te contar como a alma de Jean Valjeam foi salva.

Minutos depois Jean Valjeam ser libertado, dom Bienvenu diz as seguintes palavras em conversa particular com Jean.

Jean Valjean, meu irmão, o senhor não pertence mais ao mal, mas ao bem. Resgatei a sua alma; liberto-a dos pensamentos sinistros e do espírito da perdição, e entrego-a a Deus.”

Esta história é só o começo do primeiro capítulo de Os Miseráveis, e eu acredito que você deve ler esta história.

Palavras bonitas não levam ninguém até Deus, e nem podem mudar a vida de ninguém. Mas a confiança sim, e também a falta dela.

Copyright 2024 - Marcelo J Bresciani

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