Conta a lenda que um jovem índio, muito revoltado e indignado com seus amigos e parentes da aldeia, chegou ao seu avô, que foi um índio Cherokee muito sábio, e contou para o ancião que sofreu uma injustiça muito grande de um outro índio.
O avô ficou observando como o jovem índio parecia agitado e muito estressado. Ele escutou tudo o que o jovem colocou para fora. Aquele ódio estava o consumindo por dentro, e toda aquela ansiedade batia muito forte em seu peito, é ele parecia tremer por dentro. Todas aquelas palavras que ele dizia eram apressadas e atropeladas.
Algumas vezes nos sentimos assim, e as vezes não sabemos como sair.
Então o avô, falou o seguinte.
“Deixa eu te contar uma história. Eu mesmo, no meu passado, quando fui jovem, senti grande ódio, daqueles que me prejudicaram, sem qualquer arrependimento do que faziam. Eram pessoas muito más. Só que o ódio vai ficar te matando por dentro, e é inofensivo para o teu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que o outro morra. Lutei muitas vezes contra esse sentimento”.
E o avô continuou contando ao neto: “Eu percebi que desde sempre existiam dois lobos dentro de mim. Um deles é um lobo bom, e não se magoa. Ele vive em harmonia com todos ao nosso redor, e não se ofende quando não se teve a intenção de ofender. Este lobo só luta quando for certo fazer isso, e da maneira correta”.
E o jovem começou a prestar muito atenção nesta história, se sentindo cada vez mais aliviado e tranquilo, em reconhecer como estava agindo. E o avô continuou.
“Mas o outro lobo….. sim… o outro… ele, o lobo ruim… Ele é cheio de raiva. Mesmo nas pequenas coisas e palavras que as outras pessoas o lançam, ele se volta em um ataque de ira. Este lobo briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não para pra pensar, porque a sua raiva e o seu ódio são muito grandes. E é importante perceber que é uma raiva inútil, pois a sua raiva não vai mudar coisa nenhuma. Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar o meu espírito”.
E o jovem olhou com muita atenção nos olhos já idosos e brilhantes do avô, e perguntou: “Qual deles vence, vô?”
Então o avô pensou por alguns instantes, e respondeu baixinho: “Aquele que eu mais alimento”.
Quando praticamos a tomada de consciência, olhar para dentro dói… e dói muito. Mas isso é como uma ferida que pode estar doendo confortavelmente, e vamos lá, tomamos um analgésico e vamos deixando tudo para depois. Nos colocando no papel da vítima, e acreditando que não podemos fazer nada para resolver as nossas questões. Mas toda ferida dói mais quando recebe curativo, mas é somente a partir daí que começa a cura, surgindo depois cicatrizes de lições aprendidas.